Sob a lua vermelha de novembro...

Quando tudo isso começou? Quando as engrenagens do destino começaram a girar? Talvez seja impossível achar a resposta agora, profunda no fluir do tempo...

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Local: São Paulo, SP, Brazil

Eu? Apenas mais um andante solitário...mas todos os andantes tem uma ou outra lição a passar devida à sua intimidade com a estrada. A estrada é sábia. Embora seja certo que o caminho ainda segue muito à frente... quantas lições nos esperam?

domingo, janeiro 30, 2005

Das Reflexões em Moria

Por Ori, o anão






I

Ó Durin, Durin, Durin!
Vazio jaz teu reino aqui,
teu pétreo trono cor marfim;

Vazios os amplos salões encolunados,
vazias as forjas, e o ar está gelado:
uma mina em rocha, tesouro abandonado

Jaz então Moria escura e fria,
mas em seus veios, prata brilha;
E brilham chamas, nas ruínas...

II

Desde o triste dia, o dia malfadado
desde então, várias gerações passaram
mas as esperanças...ah, elas não passaram...

Mas cremos que chegada é a hora;
Avante, nós faremos história!
De nosso lar, varreremos a escória!

Em passo a passo diário,
reconstruindo o lar do passado;
Será, enfim, novo tempo de reinado?

III

Balin, filho de Fundin, é rei!
Sob a pedra, cantigas comporei
ao futuro, à fortuna que farei!

Palmo a palmo descendo,
e na mão, a picareta vai ardendo;
Mithril, é seu refúgio que queremos!

Alegria, felicidade sem par:
A real prata refulge sob o luar;
Fulge o dia, a harmonia enche o ar!

IV

Orcs, orcs por todo lado!
À batalha! Ao machado!
Vamos, hemos de expulsá-los!

Fogo, sombra; Medonha memória
se levanta dos ecos da história
para o presente....se levanta agora!

Balin...Balin se foi para não voltar;
Mortal palidez se abateu em seu olhar,
e espalhou...lúgubre perfume de pesar

V

Tocam, tocam tambores sob o chão;
Os inimigos tomaram a ponte, o salão;
Não podemos sair... e eles vindo estão...

Estamos presos, já não há mais saída,
não há mais alegria, sequer há comida
e ouço...tambores, tambores em folia...

O fim chegou, se foi nosso tempo;
A esperança que tinha a levou o vento
para longe, bem longe...com meu alento...



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(Autor: Bruno Neves Oliveira)

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Do Poema-Despedida de Ori

na câmara de Mazarbul




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Tum, Tum, Tum;
Tambores, tambores nas profundezas;

Tum, Tum, Tum;
Quem, quem é que bate, das profundezas?

Tum, Tum, Tum;
Orcs, Trolls; Que, que mais jaz nas profundezas?

Tum, Tum, Tum;
Sombra, chamas. Um Balrog está nas profundezas!

Tum, Tum, Tum;
Vozes sob o chão: o inimigo vela, espreita;

Tum, Tum, Tum;
Balin partiu, partiu o futuro e a certeza;

Tum, Tum, Tum;
A ruína de Durin agora nas ruínas reina;

Tum, Tum, Tum;
Chegou o fim; O inimigo nos rodeia...


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(Autor: Bruno Neves Oliveira)

terça-feira, janeiro 18, 2005

Do fim da sociedade do anel

Por Legolas Verdefolha e Gimli, filho de Glóin




I

Legolas: Ah, o mar...
Me lembro de um dia...em que gritaram por mim gaivotas do mar...
Me lembro que havia...brisas salinas nas encostas do mar...
Ah, nas encostas! Tão perto....tão longe....dos ecos insones do mar...!

Gimli: Ah, o mar!
Já se passou o tempo dos feitos grandes;
Já de cá se foram os sete andantes:
os três ao mar e os quatro ao longe.

Legolas: Ah, o mar...
Meu rei partiu....dormiu para sempre...
No céu de anil...uma estrela cadente...
Aonde vai...onde...repousa a alma ardente...?

Gimli: Ah, o mar!
Afiei meu machado mais e mais;
Em minha barba o branco cresce mais;
Que me resta aqui? É tempo de ir...ao cais!

II

Legolas:
E sobre as vagas do mar...
Para onde vai o Anduin?
Para onde, as águas sem fim?
Para onde...para tão longe...de mim...

Gimli:
E sobre as plagas de cá:
As terras bramem fúria, fogo, sangue,
e a morte fria espreita dentre os montes;
A vida é fraca e breve...e o mal, insone!

Legolas:
E sobre as vagas do mar...
Quando as ondas levarão meu coração?
Meu corpo e alma, quando os arrebatarão?
Esperei muito...será já tempo de partir...ou não?

Gimli:

E sobre as plagas de cá:
No norte, uma vez vi uma beleza sem par;
E em meus tesouros possuo uma réstia solar.
Mas a manhã se foi; Agora, onde a irei procurar?

III

Legolas: Ao mar, ao mar!
Vamos, Gimli, é hora de velejar!
Desceremos o Anduin, e depois...ao mar!

Gimli: Não sei, não sei ao certo....
Nunca um anão teve só estrelas como teto;
O Anduin segue abaixo...mas sou tão velho...

Legolas: Ao mar! Venha!
Nada temas, nem maresia nem tormenta!
Cortaremos o mar como o raio corta a lenha!

Gimli: Não sei..mas, talvez....
Veja a beleza matutina só mais uma vez;
E possa novamente contemplar suave tez...

Legolas: Ao mar agora, temos de ir!
Meu coração já anseia por partir!
Se decida, amigo; Vai, ou fica aqui?

Gimli: Sim, sim, é tempo agora...
Irei! Por ti e pela senhora
enfrentarei o bravio mar afora!

IV

Legolas & Gimli:
Vamos juntos, cruzaremos águas escuras;
Do mar ocidental, venceremos a onda em fúria;
De Ithilien navegando, até além do sol e lua!

Legolas:
Nosso barco cinzento passará do fim do mundo!
Encontraremos a plana via perdida do céu ao fundo!

Gimli:
Duna d’água, encanto ou pedra, nada nos deterá;
Galadriel, estou chegando, seu fio de luz comigo está.

Legolas:
Avante! Para além de memória ou lembrança!
Nunca nos será erguido um túmulo como cama,
mas uma vida! Sim, será a vida a nossa herança!

Gimli:
Ah, a vida, para sempre, eternamente!
Navegaremos, eu na proa e tu ao leme
além das cataratas, para as terras do antigamente!

V

Legolas:
O grande mar em frente se ergue;
Rumo oeste! Esqueçamos o leste,
esqueçamos as casas e ciprestes,
a relva, a faia, os reinos breves!

Gimli:
A imensidão se assoma infinita;
Para oeste! Para uma nova vida,
para a doce aurora esquecida,
para ilhas imortais e longínquas!

Legolas & Gimli:
A espuma está branca de histórias;
Ulmo, leve esse navio nas costas,
em vôo de cisne por celeste rota!

Legolas: Deixemos as campinas de sofrimento;
Gimli: Em frente! Seremos qual vento!
Legolas: A Valinor, Valimar, além do tempo!
Gimli: Prata e jóia, aqui as deixaremos!

Legolas: Dos elfos os grandes lá repousam;
Gimli: E o pai dos anões lá tem morada;
Legolas: Seguiremos aonde as gaivotas voam!
Gimli: Nos guiará a luz da madrugada!

Legolas & Gimli:
Voaremos dentre as nuvens do destino;
Até onde, quando? Que importa isso?
Deslizaremos sobre algodão macio
e tocaremos as gotas do orvalho frio.

Gimli: Para sempre?
Legolas: Eternamente!

Gimli:
Então abra as velas, que sopre a ventania;
Que nos leve qual a flecha em chamas vivas!

Legolas:
Sim, as velas já se abriram;
Agora ao mar, ao reino perdido!

Gimli: Ao mar! Adeus, Terra-Média!
Legolas: Adeus, florestas e serras velhas!

Legolas & Gimli:
Ao mar....para onde enfim...
deve...todo rio...fluir...


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(Autor: Bruno Neves Oliveira)

domingo, janeiro 09, 2005

De hobbits do Condado




I

Ah, cama, que noite tão gostosa!
Mas me espera o dia e luz formosa
além da porta, além da toca
e após o café que tomo agora!

Lá fora, crianças brincam sem medo,
e daqui de dentro com prazer as vejo;
Azul céu e fresca brisa nos cabelos:
quem quer mais na vida que esse zelo?

A doce fruta está no pé, e o trigo na espiga;
e o cogumelo está queimando na minha cozinha!
Puxa, que pena! Mas há muitos mais cogumelos ainda
para o chá das onze e pro almoço ao meio-dia!

II

De barriga cheia, a tarde está tão mansa!
Vizinho, lago e horta, tudo é de confiança!
Tão forte o sol, vou me deitar sob a sombra
e tirar uma boa soneca até a janta...

Já acordei, mas ainda não é janta.
Não faz mal, sentarei-me na grama,
pegarei um cachimbo, farei chama,
e fumarei nossa erva de fama

Epa! Esperem, esqueci do chá das cinco!
Vou lá em casa prepará-lo rapidinho
e já, já volto, então não usem meu cachimbo!
(Hmm...por via das dúvidas, levá-lo-ei comigo...)

III

Agora já escureceu, e hoje há festa no condado;
É festa, e como sempre, é festa de aniversário.
Mas o legal são os presentes, comida e bate-papo;
As mil fofocas quentes e mil histórias do passado.

Toca a música, que dancem bolseiros e boffins,
Tûks e Brandebuques, Texugos, Bolgers e, sim,
o Senhor dos Buques, o Prefeito e o Thain;
Toda a noite, todo o dia, a bebida não tem fim!

Acabou enfim...puxa, estou morto de cansaço!
Mas amanhã é outro dia, há outro aniversário:
ganherei mais presentes, falerei mais do passado.
Assim é minha vida: meu futuro é ou não dourado?



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(Autor: Bruno Neves Oliveira)

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Das tristezas dos elfos




I

Em hostes eras velhas correram
correram em guerra e suor
Águas sem conta olhos verteram
e lembranças verteram sós

Em canções do mundo antigo
antigas mágoas em voz;
Cruel então era o destino
e era a sombra de Morgoth


As lutas incontáveis, perdidas;
Nas vargens, runas perecidas;
À luz da tarde, as aves tardias
se afastando da noite que caía...


II

Reis e reinos se fundavam
e se findavam;
Em placidez teia e novelo
de negro se enredavam;

Onde estão Númenor e Gondolin?
Aonde foram Fëanor e Fingolfin?

Quanta morte, quanta mágoa se passou!
Do palácio prateado que ruína inda restou?

A terra jaz coberta
de túmulos do passado
Nas trevas findas réstias
de mundos apagados...


III

Rugosa é folha e faia,
já as águas violadas;
Idoso é bosque e mata
já as frutas azedadas;

Que mundo ainda resta, que resto
ainda é belo como o era?
Em que parte, que combate
há de outrora leve idéia?

Enfim, então, o tempo já chegou;
Ao porto, agora, ao golfo de Lûn!
Só do verde a cinza é que restou
e a memória...de um tempo que passou...



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(Autor: Bruno Neves Oliveira)

terça-feira, janeiro 04, 2005

Dos lamentos de Daeron




I

Onde as estrelas forte brilham no céu?
Onde as terras jazem dentre gaze e véu?
E onde rubras pétalas ainda destilam mel...?

Para onde, para onde se foi o meu amor?
Para onde, para onde aquele homem a levou?
Para onde, para quão longe, a minha andorinha voou?
E para onde, pois, devo partir agora, e para onde eu vou...?

II

Mas quando, quando a beleza partiu dos bosques?
E quando, quando se foi a certeza de minha sorte...?
Mas quando, aqui, a primavera se foi e chegou a morte?
E quando, em mim, brotou angústia e floresceu tão forte...?
Quando, enfim, em que tempo abandonou-me ventura e acorde?

Até quando, até quando lágrimas rolarão?
E até quando, até quando as chagas persistirão...?
Até quando, até quando eu vagarei a sós pelo chão?
E até quando, então, minha esperança durará em vão...?
Até quando, até quando por fim baterá meu coração?

III

Por quantas eras, quantas eras não voltará o dia?
E por quantas eras não será minha voz ouvida...?
Por quantas eras, quantas eras a floresta será fria?
E por quantas eras tristes carregarei a minha sina...?

Por quantas eras, ó Varda, será amarga e ingrata a minha trilha?
E por quantas eras em Arda será minha runa em pedra escrita...?
Por quantas eras, afinal, será lembrada...e cantada...a minha vida?


Pois sou Daeron...de Doriath...


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(Autor: Bruno Neves Oliveira)

domingo, janeiro 02, 2005

De Daeron, O Menestrel





I

Ó daeron, daeron,
por que cantas, por que cantas,
nos bosques de Doriath?

Ó daeron, daeron,
por que com voz encantas
as aves de Doriath?

Ó daeron, teu canto
é o grave, o acalanto suave
dos recantos de doriath?

Ó daeron, teus versos
são vastos, são belos,
são os traços eternos de doriath

II

Ó daeron, daeron,
por que amas, por que amas,
a filha de doriath?

Ó daeron, daeron,
por que aos céus exclamas
teu amor em doriath?

Ó daeron, é tua canção
só coração, só paixão
a Lúthien de doriath?

Ó daeron, teu amor
é tua chaga, é tua amada
a própria alma de doriath

III

Ó daeron, daeron,
por que choras, por que choras,
nas matas de doriath?

Ó daeron, daeron,
por que águas sem conta
derramas em doriath?

Ó daeron, já foi Lúthien
embora, por que te demoras
nas plagas de doriath?

Ó daeron, vai avante,
cruza beleriand e parte
das frias tardes de doriath

IV

Ó daeron, daeron,
a quem falas, o que falas,
a tantas jardas de doriath?

Ó daeron, daeron,
onde ao leste desatas
tuas mágoas de doriath?

Ó daeron, de teu nome,
teu cantar, quem lembrará
dos sindar de doriath?

Ó daeron, nos anais e runas,
jazerá tua memória
e de tua glória em doriath



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(Autor: Bruno Neves Oliveira)

sábado, janeiro 01, 2005

Da Grande Viagem



*****

Por rio e mata passando,
passando da terra ao mar;
Bela é a vaca pastando,
é bela a floresta acolá

E Oromë cruzando em brasa
monte e campina, e em trilha
pelas encostas com toda raça
esperançosa e de luz faminta

Para onde vai o Anduin?
Para onde, as águas sem fim?
Para onde, para tão longe...daqui...

E, além do oceano, em Valinor
reluziram as areias de pérola
frente aos vanyar, teleri e noldor


*****

(Autor: Bruno Neves Oliveira)