No Tempo Profundo
No tempo profundo
(...)
O
universo canta, silencioso
a
nascida esfera no enfeite;
que
chora nuvens de fogo,
sugando
cometas por leite...
(no
tempo profundo...)
Tal
acne, vicejam vulcões em gênese
ali a
separar terras; acolá em mar fecundo,
vomitando
dentre entranhas ardentes
os
perenes tijolos do mundo...
(no
tempo profundo...)
E
mais fundo, tanto e tanto,
chega-se,
pós esforço hercúleo,
aos
ferrosos frutos do Manto
do
planeta parido ao núcleo...
(no
tempo profundo...)
Nesse
frenesi louco dos ponteiros,
continentes
bailam em águas vermelhas;
e
transmigram os pólos nos eixos
lamentando-se
de luas desfeitas...
(no
tempo profundo...)
Correntezas
aninham o pó do ontem
tatuando
na térrea pele veias insones
expondo
antigos ossos, negros sangues,
escavando incessantes – até
onde?
(no tempo profundo...)
No lento maturar das rochas
velhas
que sofreram por eras
eternas;
em seus gritos, inscritos em
pedra,
se encerram as pistas das
ciências da Terra...
(no tempo profundo...)