Sob a lua vermelha de novembro...

Quando tudo isso começou? Quando as engrenagens do destino começaram a girar? Talvez seja impossível achar a resposta agora, profunda no fluir do tempo...

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Eu? Apenas mais um andante solitário...mas todos os andantes tem uma ou outra lição a passar devida à sua intimidade com a estrada. A estrada é sábia. Embora seja certo que o caminho ainda segue muito à frente... quantas lições nos esperam?

quinta-feira, abril 06, 2006

Judas de Kariot





I

Quem é esse que anda
– sob um véu de sombra –
no umbral do existir?
[Treze chaves carrega ao cair]

A canção que canta,
seu sangrar alcança
o silêncio em mim;
[nas profundezas sem fim]

“Desperta-te”, clama,
o cuja voz é flama
o cujo arcano é dor
[as suas treze marcas de amor...]

II

Os tempos já idos
quão vãos e sofridos
aqueles sem amor
[quais dos antigos sentiu seu calor?]

Nos haréns dos palácios
nos quartos dos faunos
só carne, só dor
[que paixão nenhuma areia levou?]

Ó mestre dos ventres,
me faça semente
me faça sua flor
[que verás no Mayab, a dormir?]

III

Nicodemos, um mestre
só se ergue em serpente
quando entende o amor
[as águas do porvir...]

Sim, o qual que alcança
as santas planícies, assiste
ao funeral de si.
[da água e do fogo surgi...]


E duvida, e reflita
se o que aos outros engana
engana-te a ti.
[és um maya ainda?]

IV

Eis que o bem-amado do Cristo
no teatro, tem um papel a cumprir;
Deste pão molhado que sirvo
a Verdade poderá prosseguir...

As trevas caíram
e é o diabo quem fala;
“As luzes que partiram
são já pois mortas, fadadas”

As ilusões da morte
se multiplicam nas eras;
Do Filho o advir da Sorte
e Sua coroação na Terra.

Mas não, a vida não finda,
pois a morte é a vida
e a vida, o renascer
na eterna terra do Mayab...