De Eregion e dos Anéis de Poder
[Feito no final da quarta era]
I
Ouve, meu filho, ouve este conto meu;
Te conto uma história que sucedeu
num passado antigo, e num sonho meu...
Ainda existiam elfos, e anões, e o escuro,
que, até hoje, ainda permanece em tudo...
E os reinos...os reinos, meu filho!
Tantos haviam, de tantos tipos!
Ora d’ouro, ora prata...quão ricos!
II
E, no cerne de grandes montanhas,
vi pétreos pilares sem conta;
Vi força; e uma brasa em sombras...
O ferro, o bronze lá se forjava,
e o machado, e o fio da espada;
Eis Moria, ancestral morada,
ou Hadrodhond, Khazad-Dûn anã;
Eis as jazidas...da real prata....
III
Voavam labaredas soltas no ar;
Martelos soavam em férreo tinir;
Um reino élfico longe do mar:
Além de Moria, jazia Azevim...
Azevim, Eregion de tantos contos!
Em memória, serás sempre um sonho,
e em verso, terás sempre encanto...
Lá estava o neto do ígneo espírito,
lá morava de Celebrimbor a forja;
um Mestre artífice, um noldor vivo,
senhor versado n’arte de criar jóias...
IV
Naquele tempo, e não mais,
elfos e anões ali viviam;
Lado a lado, em plena paz
mesclando aquilo que sabiam
De Ost-in-Edhil aos portões de Moria,
grandiosa, uma estrada havia,
um comércio farto na rota rica.
Não só de produtos intercâmbio havia,
mas também habilidade; os ferreiros
de Azevim se superaram em perícia,
como nunca dantes n’outro reino
V
Dos noldorin que inda haviam,
(ah, os fortes, bravos remanescentes!)
em Azevim muitos se reuniam,
num só coração, numa forja ardente,
pulsante, enquanto sombras caíam...
Havia também Gil-Galad, um elfo-rei,
de Lindon senhor, nos Portos sua casa;
Elrond meio-elfo, outro Grande que sei,
também fizera dali sua morada.
A oeste, numenoriana ilha,
da face a frente para Aman;
Seu suspiro já se ouvia,
lamentos impuros da vida vã;
“Que era a morte, e a que vinha?”
VI
Segunda Era, as sombras se adensavam;
Do leste, frio e peste, e um vento de morte
turvava olho e mente; os corações pesavam.
Envenenada a água; trevoso o céu, o bosque,
no qual, maléficos, mil olhos espreitavam.
Na terra negra, negro poder se assomava
em maldade, em crueldade e sutileza;
Eco restante de uma mortal era passada,
e de uma memória escura, no escuro presa.
Em Mordor, onde deitam-se sombras,
surgiu um trono numa torre negra;
Aí veio o terror, e fátuas lembranças:
Chamaram-no Sauron, cruel alteza
de Mordor, onde se deitam sombras...
VII
Ora, Sauron, o Maia, grandemente poderoso
em Arda, e de mais vassalos fortes desejoso,
se embrenhou entre homens, e viu grande fraqueza,
eram de fácil influência e perversão certeira.
Não estava ele, contudo, de fraqueza cobiçoso:
Era dos elfos que a adesão queria, pois assim sabia:
desde o Início era o Primogênito o poderoso,
e mesmo o mundo velho, muito poder ainda havia
em sua mente, em suas artes e em seu imortal corpo.
Sendo assim, por suas artes, se prontamente disfarçou
como Annatar, nobre Senhor, e entre elfos se firmou;
Em Lindon, rei Gil-Galad, inseguro, não pois o aceitava,
mas, em Eregion, lhe saudavam os elfos a chegada....
VIII
Assim, em Azevim, Sauron muito os ensinou,
pois saber detinha, e era sim um Maia ainda;
Nessa época, sua arte enfim ao ápice galgou:
na confecção de jóias, só Fëanor acima vinha.
Os elfos, então, em seu auge refletiram,
e sua mente trouxe um supremo pensamento:
Porque não, com a habilidade que sabiam,
criar anéis que abrir pudessem novo tempo?
Com essa grande meta, muitos olhos luziam...
Assim começou dos Grandes anéis a Forjadura,
até ficou o céu co'o fogo mais ardente;
Muitos anéis eles fizeram, todos com bravura,
e suas obras olhavam e exultavam de contentes.
IX
Sauron, entretanto, a par de seu esforço estava,
e era uma obrigação impor aos elfos sua idéia;
Em segredo, porém, já malignidade planejava...
Então, numa montanha, Um anel foi forjado, na terra da sombra;
e a cantiga que foi aí escrita duraria anos sem conta:
“Um anel para a todos governar, Um anel para encontrá-los,
Um anel para a todos trazer, e na escuridão aprisioná-los”
Os elfos, contudo, se aperceberam da cilada,
e os anéis todos os recolheram bem depressa;
e esconderam; Não, ali Sauron não teria sua paga!
X
Sauron então atacou, com já grande fúria acesa:
“Eis que aqui trago guerra, e os anéis eu ordeno
se não forem entregues, cairá Azevim com certeza”
Mas os elfos partiram; Sim, fugiram correndo,
e três anéis salvaram, três imaculados;
Foi aqui Celebrimbor assassinado,
e Azevim esfarelada em pó ao vento...
Fundada foi então uma fortaleza,
um refúgio contra os males do tempo:
A Imladris élfica, por Elrond feita.
XI
E assim foi cumprida a lenda cantada:
“Três anéis para os reis-elfos sob este céu”:
Sob estrelada Imladris, portava Elrond safiroso anel;
Nos jardins de Lórien, u’a diamantina estrela brilhava;
E, em marinho abrigo, poderosa flama jazia oculta...
Três jóias, três forças dotadas da magia mais pura,
que as luas vencia, contra o negror que avizinhava...
XII
Muito após, de Númenor a ilha já tragada,
volveu Sauron à negra terra, e planejou batalha;
Houve então guerra, foi Sauron derrotado,
assim como o foi Gil-Galad e outros Bravos;
Foi a era segunda finda, e o Um... extraviado.....
Ouve, filho... este conto que sucedeu
num passado antigo... e num sonho meu....
___________
(Autor: Bruno Neves Oliveira)
I
Ouve, meu filho, ouve este conto meu;
Te conto uma história que sucedeu
num passado antigo, e num sonho meu...
Ainda existiam elfos, e anões, e o escuro,
que, até hoje, ainda permanece em tudo...
E os reinos...os reinos, meu filho!
Tantos haviam, de tantos tipos!
Ora d’ouro, ora prata...quão ricos!
II
E, no cerne de grandes montanhas,
vi pétreos pilares sem conta;
Vi força; e uma brasa em sombras...
O ferro, o bronze lá se forjava,
e o machado, e o fio da espada;
Eis Moria, ancestral morada,
ou Hadrodhond, Khazad-Dûn anã;
Eis as jazidas...da real prata....
III
Voavam labaredas soltas no ar;
Martelos soavam em férreo tinir;
Um reino élfico longe do mar:
Além de Moria, jazia Azevim...
Azevim, Eregion de tantos contos!
Em memória, serás sempre um sonho,
e em verso, terás sempre encanto...
Lá estava o neto do ígneo espírito,
lá morava de Celebrimbor a forja;
um Mestre artífice, um noldor vivo,
senhor versado n’arte de criar jóias...
IV
Naquele tempo, e não mais,
elfos e anões ali viviam;
Lado a lado, em plena paz
mesclando aquilo que sabiam
De Ost-in-Edhil aos portões de Moria,
grandiosa, uma estrada havia,
um comércio farto na rota rica.
Não só de produtos intercâmbio havia,
mas também habilidade; os ferreiros
de Azevim se superaram em perícia,
como nunca dantes n’outro reino
V
Dos noldorin que inda haviam,
(ah, os fortes, bravos remanescentes!)
em Azevim muitos se reuniam,
num só coração, numa forja ardente,
pulsante, enquanto sombras caíam...
Havia também Gil-Galad, um elfo-rei,
de Lindon senhor, nos Portos sua casa;
Elrond meio-elfo, outro Grande que sei,
também fizera dali sua morada.
A oeste, numenoriana ilha,
da face a frente para Aman;
Seu suspiro já se ouvia,
lamentos impuros da vida vã;
“Que era a morte, e a que vinha?”
VI
Segunda Era, as sombras se adensavam;
Do leste, frio e peste, e um vento de morte
turvava olho e mente; os corações pesavam.
Envenenada a água; trevoso o céu, o bosque,
no qual, maléficos, mil olhos espreitavam.
Na terra negra, negro poder se assomava
em maldade, em crueldade e sutileza;
Eco restante de uma mortal era passada,
e de uma memória escura, no escuro presa.
Em Mordor, onde deitam-se sombras,
surgiu um trono numa torre negra;
Aí veio o terror, e fátuas lembranças:
Chamaram-no Sauron, cruel alteza
de Mordor, onde se deitam sombras...
VII
Ora, Sauron, o Maia, grandemente poderoso
em Arda, e de mais vassalos fortes desejoso,
se embrenhou entre homens, e viu grande fraqueza,
eram de fácil influência e perversão certeira.
Não estava ele, contudo, de fraqueza cobiçoso:
Era dos elfos que a adesão queria, pois assim sabia:
desde o Início era o Primogênito o poderoso,
e mesmo o mundo velho, muito poder ainda havia
em sua mente, em suas artes e em seu imortal corpo.
Sendo assim, por suas artes, se prontamente disfarçou
como Annatar, nobre Senhor, e entre elfos se firmou;
Em Lindon, rei Gil-Galad, inseguro, não pois o aceitava,
mas, em Eregion, lhe saudavam os elfos a chegada....
VIII
Assim, em Azevim, Sauron muito os ensinou,
pois saber detinha, e era sim um Maia ainda;
Nessa época, sua arte enfim ao ápice galgou:
na confecção de jóias, só Fëanor acima vinha.
Os elfos, então, em seu auge refletiram,
e sua mente trouxe um supremo pensamento:
Porque não, com a habilidade que sabiam,
criar anéis que abrir pudessem novo tempo?
Com essa grande meta, muitos olhos luziam...
Assim começou dos Grandes anéis a Forjadura,
até ficou o céu co'o fogo mais ardente;
Muitos anéis eles fizeram, todos com bravura,
e suas obras olhavam e exultavam de contentes.
IX
Sauron, entretanto, a par de seu esforço estava,
e era uma obrigação impor aos elfos sua idéia;
Em segredo, porém, já malignidade planejava...
Então, numa montanha, Um anel foi forjado, na terra da sombra;
e a cantiga que foi aí escrita duraria anos sem conta:
“Um anel para a todos governar, Um anel para encontrá-los,
Um anel para a todos trazer, e na escuridão aprisioná-los”
Os elfos, contudo, se aperceberam da cilada,
e os anéis todos os recolheram bem depressa;
e esconderam; Não, ali Sauron não teria sua paga!
X
Sauron então atacou, com já grande fúria acesa:
“Eis que aqui trago guerra, e os anéis eu ordeno
se não forem entregues, cairá Azevim com certeza”
Mas os elfos partiram; Sim, fugiram correndo,
e três anéis salvaram, três imaculados;
Foi aqui Celebrimbor assassinado,
e Azevim esfarelada em pó ao vento...
Fundada foi então uma fortaleza,
um refúgio contra os males do tempo:
A Imladris élfica, por Elrond feita.
XI
E assim foi cumprida a lenda cantada:
“Três anéis para os reis-elfos sob este céu”:
Sob estrelada Imladris, portava Elrond safiroso anel;
Nos jardins de Lórien, u’a diamantina estrela brilhava;
E, em marinho abrigo, poderosa flama jazia oculta...
Três jóias, três forças dotadas da magia mais pura,
que as luas vencia, contra o negror que avizinhava...
XII
Muito após, de Númenor a ilha já tragada,
volveu Sauron à negra terra, e planejou batalha;
Houve então guerra, foi Sauron derrotado,
assim como o foi Gil-Galad e outros Bravos;
Foi a era segunda finda, e o Um... extraviado.....
Ouve, filho... este conto que sucedeu
num passado antigo... e num sonho meu....
___________
(Autor: Bruno Neves Oliveira)