Reflexões (1)
Tons rosados do entardecer...
Outro dia me veio à mente o maravilhoso (e filosófico) filme “Matrix”. Em uma parte dele, a esposa do personagem chamado Merovíngio diz aos amantes Neo e Trinity: “Eu os invejo; mas um amor assim não está fadado a durar”. Há muita verdade nisso. De fato o tempo, pouco a pouco, vai-nos comendo os amores, a beleza, a pureza, a inocência. Não é só conosco, entretanto. A flor considerada mais bela é a que dura menos tempo. Assim como o tom róseo mágico de alguns finais de tarde não se demora a extinguir. O tempo é um eterno devorador da perfeição...
Vale lembrar, contudo, que talvez a bela rosa seja tão incrível, tão única, justamente devido à sua fugacidade nos domínios cronológicos. O fato de sua beleza ser breve não a diminui; ao contrário: torna-a rara. A juventude é como a rosa. O momento mais belo e, talvez por isso, o mais doloroso. Sim, pois o tempo põe tudo sobre a balança. Pagamos o preço da juventude com a dor. Pagamos a maciez das nossas carnes, a saúde de nossos corpos, com o sofrimento do coração. A adolescência é o real teste da vida. Aqueles que conseguem ultrapassá-la, superá-la (pois nem todos os que a ultrapassam a superam) se tornam outros. Tornam-se o que chamamos “adultos”. Essa é a verdadeira razão da maturidade. Ganhamos sabedoria com a dor.
A conclusão é clara. O resultado desse processo é, muitas vezes, o desprezo, a tendência ao esquecimento dessa fase da vida como uma tentativa de apagar as dores, as lembranças, as dificuldades que a permeiam. Assim é como menosprezamos um dos momentos mais fabulosos da vida: o milagre do derradeiro (e fugaz, de fato) cume do desabrochar de uma rosa....
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(Autor: Bruno Neves Oliveira)
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