Sob a lua vermelha de novembro...

Quando tudo isso começou? Quando as engrenagens do destino começaram a girar? Talvez seja impossível achar a resposta agora, profunda no fluir do tempo...

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Eu? Apenas mais um andante solitário...mas todos os andantes tem uma ou outra lição a passar devida à sua intimidade com a estrada. A estrada é sábia. Embora seja certo que o caminho ainda segue muito à frente... quantas lições nos esperam?

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Da Canção dos Ainur



*****

Em tempos longínquos, passados,
moldados em templos do espaço,
ecoou música; bela música, eterna,
régia música que preencheu as terras
E vibrou;


e Manwë soou nobremente
suas trombetas, saudando Eru
eternamente; e o verbo da mente
se fez som, cingiu tom ao de forma
ausente; e nos céus as águias guinchavam,
planavam sobre o vale oculto de Gondolin;
e assim as brancas nuvens sorriam nos cumes
congelados e voavam em poesia nos ares sem fim

e Varda jorrou de seus lábios
melodias luzentes que a todos
guiavam, fulgiam as palavras
e fulgia o pó de prata em suas mãos,
que se espalhava na solidão da noite
em chuva de orvalho brilhante; e lá
estava a foice dos Valar, e Menelmacar,
e os elfos a despertar sob o céu e o mar

e Ulmo entoou seu cântico
profundo, oriundo das mansões
marinhas, das cristalinas frações
do mundo; e das fontes matutinas
o murmúrio se ouviu, sorriu a onda
de Ossë em muitos matizes saudando
do entardecer o sol que vai partindo
sobre imenso mar perene refluindo...


e de Yavanna brotou a sinfonia
da terra nutrida, nutrida da água
e afagada ao ar; e além, as sementes
surgiam dormentes no seio de Arda;
E altas se erguiam as árvores sagradas
no solo de Valinor; e as florestas ao sol,
com seus pastores, as dores do duro machado
no caule; e os animais a pulsar sobre a madre


e Aulë forjou nos acordes
sons das profundezas terrestres;
E faiscaram vislumbres de jóias
trabalhadas, adornadas de cores
várias, e as luzes sacras das silmarils
riscando a história das eras; e as velhas
serras formando cem baluartes de cal
e pedra: as moradas pétreas dos anões


e o velho Námo ecoou
os presságios de tempos
vindouros, de sangue e tesouros,
de terríveis agouros e feitos grandes;
E os mortos acudindo em bandos
às Moradas de Mandos, e de Vairë
as telas com mil pesarosos contos
e uma peça de amor infinito em Ëa


e a triste Nienna lamentou
as dores do mundo, os azares
e sulcos profundos dos corações;
E chorou lágrimas pelos aflitos,
pelos tantos conflitos, por pobres
e ricos e pela sorte errante do homem;
E com vinho melancólico regou o chão
e na humanidade floresceu a compaixão

e Oromë desbravou suas canções
de poder ante todos; e distante surgia
grande luz a cavalo e uma nota bravia
aquecendo os corações; e as feras tremiam
e tremiam os campos sob os pés do cavaleiro
branco; na escuridão então passava o fogo
qual raio indomável, armado soldado de Eru;
de oeste a leste passando, e do norte ao sul

e Melkor manifestou sua rebeldia,
com fumaça cobriu noite e dia,
das estrelas acima as fez sombrias,
e congelada a bela água a qual corria;
De Telperion e Laurelin, sangue caía
rubro, as silmarils as levou em furto
e inúmeras guerras criou no mundo;
E lágrimas rolaram, de pais e de filhos
pelos gritos de coragem sufocados;

E eis vazio e prisão, e findou-se a canção

*****

(Autor: Bruno Neves Oliveira)

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Fico feliz por conhecê-lo e por poder admirar seus poemas, é curioso ver como as pessoas se transformam e absorvem a cultura dos semelhantes, acho que isto que nos torna tão fascinantes, parabéns pelos escritos

1:20 PM  

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